quarta-feira, 29 de julho de 2009

Crianças podem ter colesterol alto?

As crianças têm sim a possibilidade de ter colesterol alto, especialmente quando não têm uma dieta adequada e quando a isso também se soma o fator hereditário. Na clínica pediátrica, a cada dia, nos surpreendemos mais com os altos valores de colesterol e triglicérides em meninas e meninos de faixa etária muito baixa. Pais se preocupam com a saúde e bem estar dos seus filhos, sempre.

A armadilha do fast-food
Algumas vezes, porém, fica-se diante das facilidades do fast-food, de alimentos instantâneos estes “traiçoeiros ajudantes” que entram para contornar a falta de tempo da vida moderna.

Introduzindo novos alimentos
Os bebês são apresentados aos alimentos desde os 6 meses de idade, com papinhas e comidinhas feitas especialmente para eles. Há toda uma organização de horários e uma seqüência orientada de introdução de novos sabores, sempre seguidos como um degrau que projeta o crescimento e desenvolvimento. A cada novo alimento introduzido sempre há a idéia - e é uma idéia real - de crescimento. O bebê está crescendo!

Cuidados com os hábitos da família
Quando começam a participar da “comida da casa”, é geralmente em torno de 1 ano de idade. De acordo com os hábitos - se inadequados - muito pode se perder, do que foi antes tão sabidamente acertado, nesta nova fase.

Disponibilizar alimentos saudáveis
É preciso estar atento ao que se disponibiliza para as crianças, em especial para as que têm uma ingesta alimentar bastante seletiva. Na tentativa de preservar o estado nutricional, a oferta de alimentos substitutos é muito comum, e é nesse momento que pode haver erros na qualidade desta substituição.

O que fazer, então, quando se descobre, através dos exames, que o colesterol está elevado? Como agir quando uma rotina tem que ser readaptada e readequada a partir da alteração de um dado laboratorial?
Readaptar uma nova dieta tem que ser entendido que será a dieta da casa, de toda a família. É fundamental que todos da família entrem no processo chamado de reeducação alimentar. Quando a criança tem níveis altos de colesterol, os adultos da casa em geral também os têm. São, portanto, os hábitos da casa que precisam ser reavaliados e redirecionados.

Almoçar ou jantar num mesmo espaço onde uns comem as festejadas “delícias fritas” e se ver solitário diante de um prato com folhas e grãos, poderá dar a errônea conotação de castigo e a meta não será alcançada como se deseja. É muito importante, também, que a criança participe da elaboração deste novo cardápio, que seja explicado o porque real da necessidade desta alteração.

Faça a criança entender e cuidar da sua saúde
Não se deve minimizar o entendimento das crianças sobre sua própria saúde. Elas têm uma impressionante capacidade de aceitação quando os riscos são devidamente explicados com clareza e dentro de uma linguagem que possa compreender com tranqüilidade. A oferta continuada de nutrientes adequados entrará com facilidade no registro gustativo e ficará permanente.

Mudança gradual
A substituição dos alimentos deve ser uma passagem gradual, porém não muito lenta, e sempre orientada pelo Pediatra, Nutrólogo ou Nutricionista. Crianças estão em fase de desenvolvimento, portanto o metabolismo funciona de forma diferente do metabolismo dos adultos e nem tudo pode ser totalmente restringido. Tem que haver uma adequação entre os nutrientes, a faixa etária e o tipo de atividade que é exercido.Há alimentos que podem ser retirados sem nenhum pudor, como os “pacotes de salgadinhos”; há outros que têm que ser "desacelerados" como as lingüiças, embutidos, cachorro quente, macarrão instantâneo, sopas instantâneas, e por aí vai. O que não faltam são alimentos de rápido preparo, onde o maior “trabalho” é abrir a embalagem e despejá-los na água fervente ou fritar os já empanados de fábrica!

O novo aprendizado
Aprender a comer leguminosas, folhas verde-escuro, frutas vermelhas, fibras, não impedirá vez ou outra de também poder se servir de um cardápio levemente “transgressor”. O que não se deve é inverter esta rotina. A inversão é que vai possibilitar o sobrepeso e as dislipidemias.

Não esqueça de verificar o cardápio da escola ou da creche. Certifique-se de que a dieta é orientada por profissional da área. Não hesite em reclamar ou ir contra Lanchonetes que, dentro da Escola, apenas dispõem de “empacotados e engarrafados gaseificados”, como opções para as crianças que já compram seus lanches nas cantinas.

Exames sanguíneos específicos, como o lipidograma, são feitos a partir dos 5/6 anos de idade e anualmente - quando os dados se revelam normais; semestralmente quando estão alterados e precisam de um controle laboratorial associado às orientações de mudanças de hábitos alimentares. Quando os níveis de normalidade se restabelecem o controle passa a ser anual. E lembre-se: ser magro não é sinônimo de colesterol normal.

A vida adulta reflete a criança de ontem. A hipertensão, diabetes, os problemas vasculares, as doenças renais, muitas dessas patologias podem ser evitadas se todo um balanceamento alimentar, na infância for seguido de perto.

Comer é um prazer, a oralidade faz parte da estrutura de todos nós.
Saborear um alimento, convidar os amigos para um almoço, dividir ou trocar lanchinhos na escola, todo o ritual em torno do ato de se alimentar é prazeroso. Não tem porque o prazer excluir o saudável, ou o saudável ceder ao preconceito de quebra de prazer.

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